Fazer refletir no texto o contexto sem, entretanto, usar o pretexto de textualizar sem contextualizar - Laércio Castro

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Saúde do homem: fuja da estatística da morte


A cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. A cada cinco pessoas que morrem entre 20 e 30 anos, quatro são homens. Homens vivem em média 7 anos menos que as mulheres. Sabe por quê? Porque o homem não cuida da própria saúde. Homem que se cuida não perde o melhor da vida.

Essas advertências fazem parte da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, lançada em 2009, pelo Governo Federal, com o objetivo de facilitar e ampliar o acesso da população masculina aos serviços de saúde. A nova política também enfatiza a necessidade de mudança de paradigmas no que se refere à percepção dos homens em relação ao cuidado com a própria saúde e de sua família.

Segundo o urologista Ricardo Madeira, essa campanha visa alertar o homem sobre a necessidade da prevenção. "Se esperar os sintomas aparecerem - independente da doença -, a chance de cura estará muito reduzida, por isso é tão importante se prevenir".

Assim, baseado na frase do epidemiologista inglês Geoffrey Rose, "um grande número de pessoas expostas a um pequeno risco pode gerar mais casos que uma pequena quantidade de pessoas expostas a um grande risco", o Ministério da Saúde considera a estratégia de prevenção a mais efetiva e segura.

O grande problema é que cuidar da saúde tornou-se uma questão cultural. Enquanto as mulheres aprendem, desde cedo, que é preciso ir regularmente ao ginecologista - e depois, quando se tornam mães, que é preciso levar os bebês ao pediatra -, os homens são criados sem esse hábito. Como consequência, muitos deles sofrem com males que poderiam ser evitados caso houvesse atitudes preventivas.

No Brasil, os problemas cardiovasculares estão entre as principais causas de morte - e entre os homens a incidência é maior. A prevenção pode ser feita com check up periódico para controle dos fatores de riscos, como sobrepeso, obesidade, diabetes, colesterol, hipertensão arterial, entre outros. Há 20 anos, o aposentado Wanderley Martins Gomes visita regularmente um cardiologista. O primeiro passo foi dado quando ele passou mal e foi levado às pressas ao hospital. "Na época, foi detectado que eu tinha pressão alta e, desde então, todos os anos faço eletrocardiograma e ecocardiograma, e tomo remédio diariamente". O risco também fez com que Gomes mudasse a alimentação, e não abusasse do sal. No entanto, nem todos têm a mesma sorte, por isso é preciso estar sempre alerta e se antecipar ao susto, inclusive para evitar o temível câncer de próstata.

O grande tabu -
O câncer de próstata é o câncer mais frequente no homem e representa mais de 40% dos tumores que atingem o sexo masculino em idade superior aos 50 anos. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se que 50 mil novos casos aparecem por ano no Brasil.

A ida ao urologista deve começar aos 45 anos, mas se houver casos da doença na família, a primeira visita deve ser aos 40. Segundo o especialista Ricardo Madeira, o diagnóstico é feito em três etapas. A primeira é um bate papo sobre os possíveis sintomas, depois o paciente faz o PSA (exame que mede a taxa de antígeno prostático no sangue - não pode ser superior a 4ng) e por último é feito o toque retal. "É importante ressaltar que o PSA não substitui o toque retal, eles não complementares", explica o urologista.

Se os exames estiverem alterados, é feito uma biópsia da próstata através de um aparelho de ultrassom que detecta pontos suspeitos e colhe-se amostras do tecido para confirmar a doença e seu estágio. "O câncer de próstata é uma doença que geralmente apresenta evolução lenta, e que não produz sintomas na fase inicial, por isso é tão importante ir anualmente ao médico". E completa: "Se diagnosticado no começo, o câncer pode ser tratado através de quimioterapia ou cirurgia para a retirada da próstata".

"A medicina preventiva é a medicina inteligente. Feito o diagnóstico precoce do câncer de próstata, é feito o tratamento e o paciente fica curado. O homem que espera os sintomas aparecerem muito provavelmente não ficará livre da doença", salienta Madeira.

Os vilões da saúde -
A iniciativa federal é uma resposta a uma alarmante realidade: as doenças que mais afetam o sexo masculino são um problema de saúde pública, como câncer, diabetes, colesterol, pressão arterial elevada e doenças do coração. Todos esses males são ocasionados ou agravados pelo consumo excessivo de bebida alcoólica e cigarro.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de dois bilhões de pessoas consomem bebidas alcoólicas no mundo. Os homens iniciam precocemente o consumo de álcool e, por isso, tendem a beber mais e a ter mais prejuízos em relação à saúde do que as mulheres. A prevalência de dependentes de álcool também é maior para o sexo masculino: 19,5% dos homens são dependentes de álcool enquanto 6,9% das mulheres apresentam dependência.

Em relação ao tabagismo - considerado pela OMS a principal causa de morte evitável em todo o mundo -, os homens também usam cigarros com maior frequência que as mulheres, o que acarreta maior vulnerabilidade às doenças cardiovasculares, pulmonares, bucais, câncer, entre outras. Pesquisas comprovam que aproximadamente 47% da população masculina e 12% da feminina fumam no mundo.

Portanto, se você é homem, fuja desse paradigma, cuide bem da saúde e consulte o médico regularmente. Lembre-se, a vida é o bem mais importante que possuímos e não vale a pena entrar para as estatísticas graças ao preconceito.

Fonte: Reportagem de Júlio Ferreira  Recife - PE    para o  Brasilwiki