Fazer refletir no texto o contexto sem, entretanto, usar o pretexto de textualizar sem contextualizar - Laércio Castro

sábado, 2 de outubro de 2010

IMPERATRIZ: DESENVOLVIMENTO X DEMANDA DE QUALIFICAÇÃO

 
No Programa Terra Comunidade* de hoje (2), entrevistei Vilson Santos, Empresário, Escritor e Professor Universitário. O tema foi "Imperatriz: Desenvolvimento X Demanda de Qualificação - cujo objetivo, foi   analisar a atual conjuntura de desenvolvimento do município e, ao mesmo tempo, fazer uma leitura da importância da qualificação profissional para que os investidores não precisem importar mão de obra para suprir a real necessidade interna.

Vilson Santos falou dos investimentos que estão sendo feitos em Imperatriz nos últimos 3 anos, quando grupos das áreas de comércio e indústria de renome nacional e internacional começaram a instalar suas empresas no município, tais como Coca-Cola, Carrefour, Wal-Mart e Suzano Papel e Celulose e Shoppings Centers, como é o caso do Imperial, só para citar algumas. O que discutimos também, é que dos vários ciclos pelos quais Imperatriz passou em sua história, como o do ouro e o da madeira, foram ocasiões onde a ênfase foi a dependência do extrativismo, enquanto que nesse novo ciclo de investimento, a tônica é a plantação.

Durante o debate tivemos a participação por telefone, do empresário Marcone Marques (Tok Bolsas), que disse da sua paixão por Imperatriz e da felicidade de ver a cidade crescer e expandir rumo ao desenvolvimento visionário de novos empreendedores que estão descobrindo o potencial da nossa região e particularmente do município de Imperatriz. Para ele, o imperatrizense precisa se preparar para ocupar espaço nessas empresas que não chegam para uma aventura na cidade, antes, o investimento que farão de milhões e milhões de reais, é fruto de estudos de perspectivas e viabilidades econômicas. Para Marcone, não tem mais como frear Imperatriz em seu avanço rumo ao desenvolvimento. E, diante dessa realidade, os empresários locais precisam acompanhar esse novo momento, se modernizando junto com a cidade. "Quem tiver coragem para trabalhar e se capacitar para esse novo tempo de Imperatriz, vai ganhar muito dinheiro", disse Marcone.

Questionado sobre como fica, por exemplo, o Timbira Shopping que, até então se via sozinho no mercado e agora,   cercado por dois outros grandes Shoppings, o Imperial,  já mencionado, cujo investimento vem de fora,  e o Tocantins, com investidor local, Vilson analisa o fato com muito otimismo. Segundo ele, no primeiro momento a curiosidade pelo novo atrairá os consumidores e poderá causar um impacto rápido e momentâneo nos comércios estabelecidos no Timbira. No entanto, a tendência é o mercado se ajustar e se acomodar, criando espaço de consumo para todos, tanto para os novos investidores como para os já estabelecidos. Ressaltou porém, que é obvio que se requer de quem já está plantado,  oferta de qualidade e preço, aliados ao bom atendimento. "Ninguém perde quando se pensa em melhorar para competir", destacou.

Da mesma forma, os pequenos mercados não fecham suas portas  nos bairros, com a chegada dos Super e Hiper, pelo contrário, o que se vê na cidade, são os pequenos também, investindo micro, diante da macro realidade, onde eles detém uma fatia do mercado e suprem as necessidades de sua clientela local. São os casos do Mercadinho Araújo, no bairro Juçara e do Mercadinho Barroso, na Vila Nova, onde se vê projetos de crescimento e expansão das lojas e contratação de mais funcionários, só para citar dois exemplos.

Em certa altura do programa, recebemos a ligação do estudante Manoel Dantas Filho,  formando de Odontologia na Universidade Estadual, em Campina Grande, Paraíba. Manoel Filho, que escutava o Terra Comunidade via Internet, participou dizendo que, está fora de Imperatriz, mas tem acompanhado o desenvolvimento da cidade. Ele se prepara para a  especialização como cirurgião buco-maxilo-facial e pretende logo após a conclusão do curso, trabalhar em Imperatriz. "Acredito que os estudantes precisam ter a visão de futuro  profissional não apenas com diplomas debaixo do braço, à caça de emprego. É necessário que nós estudantes, invistamos em pesquisa. Pesquisa é o que o mercado exige. Cabeças que pensem o novo e novas possibilidades", disse ele.

Questionado se as Universidades de Imperatriz estão cumprindo de fato, o seu papel  na formação dos futuros profissionais, na tríade: Ensino, Extensão e Pesquisa, com ênfase na pesquisa, conforme destaque do Universitário Manoel filho, o Professor Vilson, diz, "me desculpem meus colegas universitários e as nossas instituições de ensino, mas me parece que estamos preparando os nossos jovens mais para o passado do que para o futuro. As nossas salas de aula, por exemplo, ainda apresentam e representam um modelo ultrapassado de capacitação. Diferente de algumas Universidades no país que atentaram para o fato e já operam o ensino-aprendizagem, em salas que reproduzem os ambientes de trabalho onde os profissionais atuarão ao saírem das universidades".  Portanto, é preciso repensar o ensino frente às exigências novas do mercado de Trabalho. Para Vilson Santos,  outro ponto importante, é a instalação de escolas técnicas, em nível médio, o que   seria , em curto prazo, a grande saída para suprir a demanda de mercado de trabalho que Imperatriz já requer.

Para concluir, tratamos da importância do profissional investir em si mesmo para ocupar os espaços abertos no mercado. Em Imperatriz o que se vê é empregados em busca do trabalho e empresas em busca de trabalhadores. Mas, eles não se encontram pelo simples motivo de que o perfil exigido pelas empresas para os cargos não bate com aquele que o profissional oferece. Ou seja, ainda falta visão, interesse e empenho em se qualificar mais e melhor. Resultado? As empresas começam a importar mão de obra especializada.


O mercado de trabalho é bem seletivo. Antes, os bons profissionais procuravam as empresas e se empregavam. Hoje, não há muito espaço para os bons, pois, as empresas estão em busca dos melhores. Diante dessa realidade é preciso fazer a escolha: ser empregado ou ser empregável. O empregado, hoje, pode ser o desempregado amanhã. Entretanto, o empregável hoje, sai de uma empresa e amanhã já está bem colocado em outra melhor.

Imperatriz vive a realidade de seu novo descobrimento. Resta agora,  aos profissionais  imperatizenses se redescobrirem dentro desse novo momento.  Urge encurtar a distância entre o Desenvolvimento e a Demanda de Mão de Obra Qualificada exigida pelo futuro que se chama Hoje.

*Programa Terra Comunidade - aos sábados, das 7h às 9h da manhã - na FM Terra - 100,3 (www.fmterra.com.br)