Fazer refletir no texto o contexto sem, entretanto, usar o pretexto de textualizar sem contextualizar - Laércio Castro

domingo, 27 de fevereiro de 2011

O carregamento já chegou - e veio lotado.


Foto: LBC - Carregamento de Caixão-Imperatriz, MA
Eu já tenho me deparado com vários tipos de carregamentos sendo transportados por carros, carroças, caminhonetes e caminhões, coisa comum e normal a todos nós. Mas, andando no centro da cidade esta semana, me vi diante de uma carga inusitada, pelo menos para mim, nos meus 51 anos de vida. Vi um caminhão chegando, na cidade, manobrando para estacionar com uma carga, nada mais, nada menos,  do que de caixões de defunto.

Coberto com uma lona, o carregamento chegou para a nossa cidade. Dezenas, talvez, centenas de caixões. Não resisti e resolvi fotografar, registrar aquele momento. Afinal, quer queira, quer não, era o registro do meu e do seu futuro, que, ao contrário do “sonho da casa própria”, essa é uma morada que gostaríamos de não tê-la, nem em sonho.

Aquela carga me fez pensar na brevidade de nossa vida. Um carregamento, cujo produto ninguém quer escolher antes de usá-lo. O motorista chegou como um “profeta” a alertar os moradores: Preparem-se! Cheguei! 
 
Nesse mês,  em um espaço de poucos dias, alguns de nossos companheiros e amigos da imprensa, bem como outras tantas pessoas deste lugar,  usaram o produto do carregamento anterior. Mas, para não nos deixar na mão no chão, mais uma encomenda acaba de chegar. 

Talvez isso lhe cause arrepio, entretanto, o fato é que levamos uma vida toda, nos preparando sempre, para as coisas incertas e a mais certa delas que é a morte, para ela, a maioria de nós, nunca está  preparada. Mas, a verdade é que, preparados ou não o novo carregamento de caixão já está aí e o próximo já foi encomendado.

Fique esperto.  Mais um  caminhão de caixões chegou e já  foi descarregado e você não sabe que lugar é o seu nessa fila de usuários, clientes ou consumidores.

E como disse o Jimmy, no seu comentário abaixo: "o caixão é uma faceta da nossa hipocrisia. Preferimos guardar o corpo que preparar a alma".