A tragédia de hoje a tarde, quando o prédio Real Flex, que estava em construção, desabou sobre 3 casas, no bairro de Nazaré, em Belém do Pará, nos faz reportar ao dia 13 de agosto de 1987, quando, também, na capital paraense, no bairro Umarizal, desabou o Edifício Raimundo Farias, matando 39 trabalhadores que estavam na obra do prédio de 13 andares.
Após a tragédia, na ocasião, muito se discutiu sobre as construções erguidas em Belém, cuja engenharia deveria ater-se mais tecnicamente para a qualidade do solo da região, por conta da constatação da fragilidade na fundação do edifício que veio a baixo.
Em 2007, o jornalista, ex-prefeito de Belém e ex-governador do Pará, Helio Gueiros, escrevia um artigo no Diário do Pará, sobre a situação de reurbanização da capital paraense, quando se pretendia cobrir o Canal da Doca. Veja o que Gueiros escrevera:
Durante a semana, abalizado engenheiro sugeriu que a prefeitura mandasse cobrir toda a extensão do canal da Doca afirmando que não há nenhum risco para a estabilidade dos prédios erguidos e dos que venham a ser construídos.
Todos estarão firmes como o Pão de Açúcar do Rio e as edificações resistirão até a esses abalinhos sísmicos acontecidos há 3 ou 4 dias no Pará e no Amazonas. Pode-se tapar o canal de cabo a rabo porque não vai acontecer nada.
Belenense de muitos cabelos brancos, numa roda na Assembléia Paraense, o clube, falou para o grupo de atentos ouvintes: – Não quero, meus amigos, de maneira alguma, contestar o veredicto do douto opinante sobre a invejável qualidade dos terrenos ao longo da Doca de Souza Franco. Apenas quero lembrar que depois de aterrada pela administração do prefeito Nélio Lobato, mas antes de ser drenada e pavimentada pela administração Hélio Gueiros, a Doca foi palco de uma tragédia inesquecida. Um prédio em construção, já com os seus oito ou nove andares levantados, ruiu espetacularmente transformando tudo em escombros e matando centenas de operários que trabalhavam na obra.Sentindo-se bem ouvido na sua recordação, o veterano belenense invocou outra situação do passado: – Outra coisa, meus amigos, ao tempo de Hélio Gueiros na prefeitura, ele anunciou que iria cobrir todo o canal da 14 de Março tornando a rua muito mais ampla, sem a divisão pelo leito do igarapé ou rio. Foi então que um professor da Universidade escreveu artigo no jornal anunciando que, se o canal fosse coberto pela pavimentação, a compressão provocaria uma explosão de gases que abalaria e derrubaria as duas torres da Basílica de Nazaré. A cobertura do canal seria na 14 de Março, mas os seus efeitos físicos iriam acontecer no Largo de Nazaré.
– E aí, que fez o então prefeito? Foi em frente? – indagou um ouvinte mais jovem.
– Não, não foi em frente, – continuou o expositor. – Mandou que os seus técnicos opinassem sobre a perspectiva da catástrofe e, como sentiu que a sua equipe ficou indecisa, cancelou o projeto de cobrir com asfalto o canal da 14.
E concluiu: – Não sei nada de fenômenos da ciência, mas conheço um pouco da história de Belém. E isso ajuda. Temo que um risco permanente deixará intranqüila a população das vizinhanças. E a Holanda, meus amigos, cortada e recortada por canais em toda parte? Ninguém fala que eles devam ser cobertos! Aqui no Pará quer se fazer o que o resto do mundo não faz!
– Falou e disse, – foi a reação do assessor da página especializado em riscos de calamidade pública.
Belenense de muitos cabelos brancos, numa roda na Assembléia Paraense, o clube, falou para o grupo de atentos ouvintes: – Não quero, meus amigos, de maneira alguma, contestar o veredicto do douto opinante sobre a invejável qualidade dos terrenos ao longo da Doca de Souza Franco. Apenas quero lembrar que depois de aterrada pela administração do prefeito Nélio Lobato, mas antes de ser drenada e pavimentada pela administração Hélio Gueiros, a Doca foi palco de uma tragédia inesquecida. Um prédio em construção, já com os seus oito ou nove andares levantados, ruiu espetacularmente transformando tudo em escombros e matando centenas de operários que trabalhavam na obra.Sentindo-se bem ouvido na sua recordação, o veterano belenense invocou outra situação do passado: – Outra coisa, meus amigos, ao tempo de Hélio Gueiros na prefeitura, ele anunciou que iria cobrir todo o canal da 14 de Março tornando a rua muito mais ampla, sem a divisão pelo leito do igarapé ou rio. Foi então que um professor da Universidade escreveu artigo no jornal anunciando que, se o canal fosse coberto pela pavimentação, a compressão provocaria uma explosão de gases que abalaria e derrubaria as duas torres da Basílica de Nazaré. A cobertura do canal seria na 14 de Março, mas os seus efeitos físicos iriam acontecer no Largo de Nazaré.
– E aí, que fez o então prefeito? Foi em frente? – indagou um ouvinte mais jovem.
– Não, não foi em frente, – continuou o expositor. – Mandou que os seus técnicos opinassem sobre a perspectiva da catástrofe e, como sentiu que a sua equipe ficou indecisa, cancelou o projeto de cobrir com asfalto o canal da 14.
E concluiu: – Não sei nada de fenômenos da ciência, mas conheço um pouco da história de Belém. E isso ajuda. Temo que um risco permanente deixará intranqüila a população das vizinhanças. E a Holanda, meus amigos, cortada e recortada por canais em toda parte? Ninguém fala que eles devam ser cobertos! Aqui no Pará quer se fazer o que o resto do mundo não faz!
– Falou e disse, – foi a reação do assessor da página especializado em riscos de calamidade pública.
Abaixo acompanhe o video da tragédia do desabamento do Edifício Raimundo Farias, em 1987.
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